Tendências sul-americanas (I) : Los Soles ou wag the dog
O fluxo de cocaína para a Europa corre hoje sobre o eixo colombiano-brasileiro; para os EUA corre sobre o eixo centro-americano cabendo a distribuição aos cartéis mexicanos junto à fronteira. No entanto nos últimos anos os americanos montaram uma operação de propaganda sobre a Venezuela. O mito do Cartel de los Soles foi inteiramente desenhado pela administração americana. Começou com Obama e continuou com Trump. Foram anos e dólares perdidos pelos EUA, mas isso é lá com eles. O problema foi outro: como quase sempre, nisto da geopolítica das drogas, os americanos não vêem o que está debaixo do seu nariz. No caso, o Brasil. Por enquanto os canais brasileiros e caribenhos estão virados para o mercado europeu ( mais o primeiro do que o segundo), mas o dia virá em que as coisas mudarão. Os canais centro-americanos, aí sim com o Cartel del Golfo, operam quase exclusivamente para introduzir cocaína nos EUA.
Os americanos puseram cabeças venezuelanas a prémio: Pedro Olivares ( ex chefe do Servicio Bolivariano de Intelegencia nacional) Rodolfo Mc Turck-Mora ( ex chefe da Interpol na Venezuela) e Jesus Alfredo Itriago ex chefe da área antinarcoticos do Cuerpo de Investigaciones Científicas, Penales y Criminalísticas de Venezuela.
Nestas coisas a objectividade é boa conselheira. Depois de todo o charivari sobre o suposto cartel de Los Soles ( até tem entrada na wikipedia), a coisa caiu e ficou apenas o que existe em muitos lados: indivíduos corruptos ( sobretudo miltares e polícias) a trabalhar com os narcos. Em Los Angeles até foi tema para uma série de TV famosa, The Shield. Este artigo de um fanático defensor do regime chavista e madurista está, no entanto, correcto. Não existe nenhuma prova da existência de um cartel para-militar organizado nem vinga a análise da Venezuela como um narcoestado. A outra versão é um amontoado de fantasias ( a melhor a é de que parte da coca que vem da Colômbia é para consumo interno num país que nem dinheiro tem para o papel higienico). Ainda há dois anos morreram polícias e militares a combater os narcos:
O cartel Tren de Aragua, este sim, real, é chefiado por Héctor Rusthenford Guerrero Flores, aka Niño Guerrero, desde 2015, a partir de Tocoró. Opera em Aragua, claro, mas tambem em Carabobo, Sucre, Guarico e Trujillo. Veremos mais tarde como o ELN, herdeiro das FARC, está no centro do narcocomplexo na região.
O que o nosso ardente chavista não diz é que não foi a administração Trump a começar a operação Los Soles. Começou com Obama, que pôs a Venezuela na lista negra ( ameaça para os USA) e até vem de trás, com a morte do jornalista Mauro marcano. Aliás o tal narcoestado dominado pelos Los Soles produzia coisas como esta:
Additionally, at the Summit of the Americas in April 2009, Presidents Obama and Chávez shook hands and greeted each other. Later, during the 3-day summit, President Chávez announced he was considering sending an ambassador to the United States. Furthermore, a few days after the summit, the U.S. Chargé d’Affaires in Caracas met with the Venezuelan Ministry of Foreign Affairs, where he brought up the Diplomatic Note sent in March in which he offered to meet with ONA to discuss counternarcotics cooperation and the possibility of a Venezuelan visit to the United States. To date, Venezuelan officials have not arranged for such a meeting. However, as we previously noted, on June 25, 2009, the U.S. and Venezuelan governments agreed to reinstate the expelled ambassadors and resume full diplomatic representation.