O melão de Almeirim

 

Operação Vangelis, Agosto do ano passado:

During the campaign, the Spanish investigators carried out 24 search warrants and found 2 690 cannabis plants with a street value of over €3 million. A total of 36 properties and 50 vehicles, valued at over €8 million, as well as close to €200 000 in cash were seized. A further €370 000 have been blocked on the criminals’ bank accounts.

69 Spanish nationals and 6 Polish nationals have been brought to justice to answer to drugs trafficking and money laundering charges.

2 690 pés de canabis... parece imponente, não parece? Ora vejam esta em Portugal:

 

A GNR de Santarém, através do Porto Territorial de Almeirim, apreendeu esta segunda-feira 23 mil pés de canábis, naquela que poderá ser a maior apreensão alguma vez feita em Portugal e uma das maiores na Europa.

O que é que está errado aqui? Continuemos na notícia:

Um homem de 35 anos foi detido e um outro, de 50, constituído arguido no passado dia 1 de setembro.

No decorrer das diligências policiais, foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão em duas empresas detentoras de terrenos agrícolas e estufas.

Além das plantas de canábis, foram também apreendidos 17 sacos de canábis com 91 quilogramas, oito recipientes com material de cultivo e fertilizantes, dois rolos de rede plástica para secagem de plantas, um telemóvel, um computador portátil, um atomizador mecânico para aplicar produtos com finalidade farmacêutica, um conjunto de rega e um distribuidor de adubos.

 

Na operação Vangelis , com um décimo da quantidade de canabis da apanhada em Alemierim,,  foram apreendidos 8 milhões de bens   e 75 pessoas foram detidas. Na terra do bom melão  foram presas  duas pessoas, um regador de adubo e dois rolos de rede.

A extraordinária apreensão de  Alemirim ( 14 ton) teve  honras mediáticas? As habituais: no próprio dia do comunicado da GNR todos repetiram o mesmo . Ora bem, passados seis meses, o que encontramos sobre  jornalismo de investigação acerca desta extraordinaria apreensão de canabis? Nada. Exacto, leram  bem: nada.  Nunca nenhum jornalista quis saber quem, e como, montou o esquema.

Claro que esta apreensão recorde esteve  com toda a certeza ligada à aparente confusão legal sobre o cultivo de canabis para fins medicinais ou

recreativos à espera de autorização. Ainda assim é notável como nenhum jornalista se interessou por tão espectacular acontecimento. É que fazem o mesmo com outras apreensões recorde de, por exemplo, cocaína: reprodução do comunicado oficial e adeuzinho que tenho o jantar ao lume.

 

publicado por FNV às 09:20 | link do post | comentar