Bonaventure "Rock" Francisci

Uma das vantagens de estudar a história do narcotráfico é a de não ficarmos surpreendidos com os novos arranjos que se vão formando. Outra é a de conseguir compreender melhor esses novos arranjos.

 

Um mercado europeu retalhista de cocaína  estimado ( 2020) em 10.5 biliões de euros trouxe novas necessidades. Uma delas foi a de os europeus terem começado a produzir cocaína ( hidroclorido) a partir da cocaína-base ( pasta base).  Estão a ser dados passos para aprimorar a detecção, o jogo é eterno.

Entre 2018 e 2020 foram detectados 58 laboratórios construídos ( sobretudo na Holanda e na Bélgica)  à imagem do modelo tanque colombiano : zonas separadas de armazenamento, de reciclagem de solventes etc. Como é natural num franchise, técnicos mexicanos e sul-americanos estão na Europa para melhorar a produção e facilitar a importação  de matéria prima. O narcotráfico é o melhor negócio ilegal montado nas melhores regras do mercado livre.

 O que temos então é a adaptação narco às necessidades do mercado, à evolução tecnológica e às modificações geopolíticas. Vamos recordar outro franchise cultural trans-continental:

 

Depis da fuga dos franceses, a Air Laos Commerciale fazia a partir do aeroporto Wattay, em Vientiane,  voos diários levando 300 a 600 kg de ópio base que recolhia em  aeródromos poeirentos  no norte. Este ópio era enviado para o Vietname do Sul e para o Cambodja. Acontece que Bonaventure " Rock" Francisci , corso, estava muito bem relacionado com um conselheiro de Diem, Ngo Dinh Nhu. Assim, Francisci e outro corsos residentes em Vientiane aliaram-se a um dos mais poderosos sindicatos  de Marselha, os irmãos Guerini, e abasteceram Marselha. A French Connection? Bem , a história não é como no filme ( fica para outro texto), o que importa aqui é recordar como os franchises são tão velhos como o próprio narcotráfico.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

publicado por FNV às 09:40 | link do post | comentar