As drogas fazem mal? ( 2)

Claro que fazem. Bebe  meia  garrafa de aguardente  de uma vez e logo  vês ( até rimou). Não era bem isto  que os poucos ( e bons) leitores deste arquivo queriam  como resposta,  isso já eles sabem. O fazem mal  significa viciar, não é?  Não.

Podia maçar-vos com links para muitos estudos, mas confio na vossa inteligência: intuitivamente compreendem que nem todos os miúdos ( muito longe disso)  que aos 15 anos fumam um charro ficam lançados a rodar 4 ou 5 charutos por dia nem acabam , em um ou dois anos , na heroína. Como compreendem que se possa beber sem ser alcoólico nem bebedor excessivo  etc. Sobra um ponto da cultura popular: pois, mas certas drogas são muito mais viciantes e perigosas e aí a adição instala-se. Vamos a isso.

 

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O mecanismo de adição não depende da primeira experiência, depende da estrutura mental e emocional do sujeito. Uma pessoa com, por exemplo, baixo limiar de tolerância à frustração ( pouco dinheiro, um amor  perdido, pais imbecis etc) claro que pode encontrar na cocaína um alívio a repetir. Um exemplo até bem escolhido porque a cocaína só provoca dependência...psicológica.

Nos meus primeiros anos de trabalho no terreno, falando com, literalmente,  centenas de heroinodependentes,  nunca me esquecia de um episódio juvenil  que testemunhei. Tinha talvez 14-15 anos e começámos  a experimentar os primeiros charros. Desse grupo, hoje um é médico ( psiquiatra) , outro professor universitário. Um terceiro, que infelizmente iniciou uma longa carreira nas drogas ( pesadas), de cada vez que dava um bofe no charuto exclamava: man, que cena, estou a ver um clarão. Com canabis. Um clarão...

 

publicado por FNV às 10:20 | link do post | comentar