DROGAS E POLÍTICA

Boas, há uns anos, quando estudava em Aveiro, era comum acompanharmos julgamentos de tráfico de droga no Tribunal local, onde em quase todos surgia um padrão: os ditribuidores da zona, quase todos, se abasteciam no bairro do Aleixo. Um professor uma vez disse-nos que, se fossemos a pensar bem, era onde sempre parava a investigação.

O bairro do Aleixo era, e ainda é, um verdadeiro centro de distribuição da zona norte, pelo menos até Aveiro. Aquilo que penso, visto que muitas das investigações que são feitas, param quando se chega ao Aleixo, é que, das duas uma: ou há uma grande dificuldade das forças políciais de "entrar" dentro do bairro, ou há uma certa vontade de combater o tráfico noutras zonas, para que ele se concentre cada vez mais no Aleixo. Acho plausível a segunda hipótese e, no estado em que se encontra o processo de demolição do Bairro, há uma natural reacção dos traficantes, já que, embora só tanha sido demolida uma torre, já foram desalojadas muitas habitações.

Outra questão é a deslocalização dos traficantes e lembro-me perfeitamente que, quando foi da intervenção policial/militar no complexo do alemão, no Rio de Janeiro, deles dizerem que o que se podia fazer era obrigar os traficantes a fugir e, de algum modo, dificultar-lhes o negócio. O que não se podem criar é locais onde impera a lei do traficante, como se pode ver neste vídeo, de uma favela na cidade de São Paulo, http://www.youtube.com/watch?v=R6QfI13JdTk

Foi este tipo de estratégia que, quanto a mim, foi criada no Aleixo que, como é um bairro da CMP, foi possível demolir as casas e realojar os moradores, pelo menos aqueles cujas habitações não foram implicadas no tráfico de droga.