As rotas mundias da cocaína
As coisas estão sempre a mudar, mas até 2015 existiam três grandes grandes rotas do fluxo de cocaína:
1) A Southern Route, do Brasil e do Uruguai para Espanha e Portugal. Na Argentina, por exemplo, a Ruta 34 oferece 1500km andinos da fronteira da Bolívia até Rosário. A mafia sérvia estabeleceu aí ligações e aproveita o Brsail para descarregar cocaína em Portugal e Espanha. Darko Saric, recentemente julgado e condenado, chefiava uma das redes.
2) A Caribbean Route, Segundo o International Narcotics Control Board, 40% da cocaína consumida na Europa chega a Portugal e Espanha via Açores. Gangues jamaicanos e dominicanos que utilizam a ligação pós-colonial à Martinica e Antilhas, e estabelecidos nas Canárias, também trabalham bem com a Holanda ( e Espanha, claro).
3) A West Africa/ Sahel Route. Os colombianos começaram o franchise com voos directos da Venezuela para a Guiné Bissau. O Benin e a Nigéria, sobretudo esta, fornecem apoio logístico. Em 2009 a DEA já notava a presença de carteis mexicanos em Marrocos, o que podem confirmar aqui.
4) A Southeastern Europe Route. A Bulgária é o pivot ofensivo, com o material a chegar ao porto de Varna via ligação sul-americana e África ocidental. A instabilidade na região ( Turquia, Síria e Ucrânia) favorece , como é óbvio, a situação.
História, política, geografia: todas embebidas no pequeno resumo exposto. Quando alguém fala em acabar com o narcotráfico como se de um gangue de assaltos a bancos se tratasse, sorrio sempre.
Lá iremos, com mais detalhe, mas a presença de Portugal em todos os relatórios e estudos sobre as duas primeiras rotas é notável por si mesmo ( embora não surpreendente) e pelo silêncio incrível: o assunto é tabu. Ou seja, o que deveríamos estar a perguntar é o que acontece ao dinheiro que entra no país como paga pelos serviços de mula? Quem está a ser pago e como?