LSD: das bruxas às raves

Alfonso Tostado, bispo de Ávila, e Carlos  Laguna, médico de Carlos V, concordavam pelo menos num ponto: o sabat das bruxas  devia-se ao poder de substâncias  maléficas. Que anos mais tarde esse poder ficasse célebre  pelo nome de LSD -  hoje muito popular nas trans e raves - eles não podiam imaginar.

O ergotismo é o estado de envenanamento do grão do centeio ( embora também possa afectar o trigo e a cevada)  causado por uma doença  em verões chuvosos. O culpado é um fungo, o Claviceps Purpurea, que parasita a planta com a sua esclerotia vegetativa , um esporão. O consumo  humano do centeio envenenado  produz duas intoxicações: a gangrenosa e a convulsiva. A última é a das bruxas.

 

Claviceps Purpurea era utilizado como abortivo ou como acelerador do trabalho de parto. Na Turíngia  do tempo de Frederico Guilherme foi baptizado como mutterkorn ( centeio da mãe), tendo sido proibido em Hannnover em 1778.

Fosse a  desgraçados intoxicados ou a verdadeiras bruxas, esta forma primitiva do LSD fornecia poderes sobrenaturais. Francesco Maria-Guazzo celebrizou, no seu Compendium Maleficarum, no início do século XVIII,  esses poderes: voar,  alucinações,  transformação em animais. Na Suábia, em anos fartos em queimas de bruxas, o preço do centeio era muito elevado. A associação não é difícil: o ergotismo tinha dizimado as colheitas.

 

O dr. Albert Hofmann sintetizou, em 1938,  o 25º derivado do ácido lisérgico existente no fungo. Baptizou-o de LSD 25 ( Lisergic Saure Diethilamid).

Numa bela manhã de sexta-feira, 16 de Abril de 1943,  o dr. Hofman ingeriu um cristalino  de LSD e foi dar um passeio memorável de bicicleta. Depois já se sabe, a guerra acabou, os americanos ficaram com os dados  e, muito mais tarde, nos anos 60, o dr. Leary popularizou-o.

publicado por FNV às 09:39 | link do post | comentar